Nesta fala analisarei a plausibilidade de se tomar a noção de consistência como uma noção primitiva, que não pode ser analisada em termos de entidades mais básicas. Uma proposta nesta direção foi feita por Field (1991), que propõe analisar o conceito de consistência lógica como sendo irredutível aos conceitos abstratos provenientes da teoria de modelos tarskiana ou da teoria da prova. Para estabelecer tal primitividade, Field faz uso do squeezing argument proposto por Kreisel (1967) para mostrar que, embora a consistência não seja propriamente sintática nem semântica, ela possui alguns princípios reguladores que são sintáticos e outros que são semânticos. Contudo, a redução de Field é bastante problemática no sentido de não ser claro o que ele entende por consistência primitiva. Além disso, não é claro em que sentido a proposta de Field é livre de entidades matemáticas abstratas, uma vez que não é claro o quão primitiva é a noção de consistência proposta por ele. Por fim, apresentarei como o conceito de consistência pode ser adequadamente tratado como uma modalidade não-normal, baseando-me em uma proposta de Ketland (2012) que toma um predicado de Validade como primitivo na Aritmética de Peano.